Defensoria Pública da União investiga problemas em serviço dos Correios

Procon diz que consumidores insatisfeitos devem formalizar reclamações

Fonte:globo.com
Por Cláudio Motta

A ineficiência dos CORREIOS chamou a atenção da Defensoria Pública da União. O titular do setor de Ofícios de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, defensor André Ordacgy, abriu ontem um procedimento para apurar possíveis irregularidades no serviço postal. Ele solicitará oficialmente informações e prazos aos CORREIOS.

No último domingo, o GLOBO mostrou que apenas nove (36%) das 25 cartas enviadas por jornalistas, no dia 25 de março, foram entregues no prazo correto, no dia seguinte à postagem.

- Queremos que a empresa informe dados mais apurados, como os prazos para a contração de novos funcionários e da compra de equipamentos, além de explicações a cerca de contratos com empresas de transporte aéreo - disse Ordacgy.

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Caso não seja possível garantir a melhoria do serviço dos CORREIOS, o defensor afirmou que será necessário ajuizar uma ação civil pública. Paralelamente a isso, a Defensoria Pública da União está se preparando, na Rua da Alfândega 70, no Centro, para receber reclamações de pessoas insatisfeitas com o serviço postal, que tenham se considerado lesadas.

- Vamos avaliar se entraremos com ações individuais ou coletivas - disse Ordacgy.

O Procon do Rio de Janeiro também estimula as reclamações formais. O subsecretário adjunto de Direitos do Consumidor do órgão, José Fernandes, informa que as ações podem redundar em multas de até R$ 5,5 milhões. Para evitar prejuízos, as empresas acabam se disciplinando.

- Também encaminhamos o consumidor para o judiciário, a fim de pleitear uma indenização por danos morais. Nosso objetivo é educar o fornecedor, que ele deixe de lesar o consumidor - afirmou José Fernandes.

Quem depende dos CORREIOS para receber contas não pode perder o prazo, mesmo se o boleto demorar a ser entregue.

Neste caso, a segunda via deve ser pedida, segundo o Procon.

Caso o prazo tenha sido perdido, a saída é conversar com a empresa, alegando problemas com o serviço postal. E, se não conseguir negociar, o consumidor deve pagar a conta para não haver corte do serviço, mesmo com multa e juros, tentando o ressarcimento na conta futura. Caso haja problemas, deve procurar o Procon e requerer o ressarcimento do débito em dobro.

Atrasos na entrega de cartas pelos CORREIOS geraram muitas reclamações de leitores do GLOBO. Só pela internet, foram 614 comentários sobre a reportagem publicada no último domingo. Entre eles, o de Eugenio Valença: - Se continuar assim, a reputação (dos CORREIOS) vai para o ralo em instantes. Depois, para recuperar, ficará difícil.

CAUSA E EFEITO

OS CORREIOS já foram considerados uma das instituições mais confiáveis do país.

HOJE, SEUS serviços derrapam em descaminhos cuja face mais visível são os inaceitáveis atrasos e extravios na entrega de correspondência.

NÃO POR acaso, à perda da eficiência no trato com o público correspondeu, internamente, o loteamento político - espécie de norma no governo Lula - e o envolvimento da empresa em malfeitorias a fim de arrecadar dinheiro para caixa dois de políticos.